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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Motorista de Transporte Coletivo, uma vocação?

Muitas vezes uma profissão rotulada como uma das mais perigosas para se exercer, além de ter passado muito tempo sem ter uma regulamentação clara. Facilmente estampa as manchetes com tipo “Motorista de Onibus adoecem mais”, “Motorista de Coletivo é profissão de risco de stress”, sem contar aos vários relatos de assalto e violência. No entanto este tipo de profissão é extremamente vocativa assim como medicina, sim é uma comparação exagerada mas é uma profissão com uma responsabilidade tão grande quanto, e esta vocação delimita os profissionais realmente apaixonados pelo que faz. Mesmo com as adversidades da função, existem profissionais que não trocariam sua vaga de motorista por nada. Esta paixão faz esquecer as longas jornadas de trabalho e todos os outros contras. Um destes profissionais é o motorista José Carlos Teixeira, de 41 anos. E através de um breve relato de sua história, a CRT Dona Tereza se antecipa e homenageia a todos os motoristas, cujo dia é comemorado no dia 25 de julho.

José Carlos Teixeira, motorista apaixonado pela profissão

Natural de Urandi, na Bahia, desde 2003 é motorista da TCPN – Transporte Coletivo Parque das Nações e admirado pelos passageiros pela educação no atendimento e também pela forma tranqulia de dirigir, mas sem perder a hora. Mas sua história com os transportes vem de muito antes.

Eu costumo dizer que nasci para o ônibus, nasci para o transporte, nasci gostando de ônibus e fui predestinado para isso” – disse orgulhoso.
Uma das imagens mais marcantes da infância de Teixeira, como é chamado pelos colegas e passageiros, é a dos ônibus da Viação Gontijo em Urandi percorrendo as estradas de terra.
“Eu ficava impressionado com os modelos, com o tamanho dos ônibus. Pegava tampas de panela de minha mãe, volantes velhos, enfim, tudo servia para eu fazer de conta que era motorista da Gontijo”
As empresas de ônibus sempre estiveram presentes em comunidades e cidades onde todos outros serviços básicos não chegavam. Os ônibus eram e ainda são a única forma da população brasileira ter acesso a direitos como saúde, educação e trabalho.
Teixeira vivia com a família na lavoura. O pai tinha plantações de algodão, feijão, milho e Teixeira se encantava com os caminhões que paravam na cidade para serem carregados e distribuírem a produção.
Ele conta que um dia, aos 14 anos, viu um caminhão 608 D – Mercedes Benz, do tipo Baú, parado perto de onde morava. O pai conversava com o motorista. Teixeira não teve dúvidas: entrou no caminhão e saiu dirigindo por uns cerca de 300 metros. Levou bronca, claro, mas neste momento, sua paixão ficou mais convicta: Teixeira queria ganhar a vida sendo motorista.
E com esta profissão, teve a oportunidade de rodar por boa parte do Brasil e ver de perto que o País é formado por realidades diferentes.
Em 1989, veio para São Paulo com o objetivo de ser motorista. A viagem, no trecho entre Belo Horizonte e a Capital Paulista, dentro de um Gontijo, foi marcada por uma longa conversa que teve com o condutor do ônibus.
Seu primeiro contato com o mundo dos transportes foi no mesmo ano, quando começou a trabalhar numa distribuidora de bebidas, na zona Leste de São Paulo, como ajudante de motorista. Ele entrava às 04h30 no pátio, ajudava a carregar os caminhões e depois, a partir das 07 horas ajudava nas entregas aos estabelecimentos comerciais. Teixeira ainda não tinha carta de motorista, algo que foi providenciado enquanto trabalhava como ajudante.
Após passar na auto-escola, conseguiu uma chance e se tornou motorista da empresa.
Mas a viagem pelo mundo dos transportes só estava começando.
Em 1993, voltou para a Bahia e trabalhou como motorista de caminhão em obras de terraplanagem. Ele atuava com um basculante Mercedes Benz 1313 em construção de barragens no estado. Mas naquele ano choveu muito, e as obras foram paralisadas. Os funcionários foram dispensados.
O problema na época é que nestes serviços de empreitadas, os trabalhadores não eram registrados, o que dificultou muito na busca de um novo emprego quando voltou para São Paulo ainda em 1993.
Teixeira não tem dúvidas de que a vida coloca pessoas boas no caminho de quem quer vencer e trabalhar. Na Capital Paulista, trabalhou num depósito de construção e numa das entregas ficou fascinado com a fila de caminhões em frente a uma distribuidora de frutas chamada Marinheiro.
Ele foi procurar os responsáveis e conversou com Aldario Marinheiro, que disse que só poderia pegar motoristas com experiência mínima de dois anos comprovada na carteira. Teixeira tinha esta experiência na prática, mas não tinha registro. Até que surgiu o pai de Aldario, Odair Marinheiro.
“Me lembro que ele disse que não custava me dar uma oportunidade num teste e que já viu muito motorista sem comprovação em carteira, mas com prática, bem melhor que vários que tinham registro” – lembra Teixeira. O teste foi num Mercedes 1313 trucado, de três eixos. Foram cerca de 12 quilômetros percorridos com tranqüilidade. Teixeira estava aprovado.
Enquanto dirigia os caminhões com frutas, Teixeira cruzava com simpáticos ônibus vermelho e branco da Transportadora Utinga, que liga Santo André, no ABC Paulista, à Capital.
“Aqueles ônibus me tocavam o coração. De verdade. Parecia que eu tinha uma ligação com eles” – contou.
Mas havia surgido uma oportunidade de empreitada em Minas Gerais. Era o projeto Jaíba II, para a construção de canais de irrigação a partir do Rio São Francisco.
“Foi aí que aprendi mais do que era o Brasil. Nestas obras, conhecemos de tudo. Pessoas de todas as partes, de costumes diferentes, aprendemos sobre os maquinários pesados como as retroescavadeiras e caminhões fora de estrada e vemos que este país é gigante” – relembra.
Depois de cerca de dois anos, as obras acabaram e Teixeira tentou uma vaga como motorista na Gontijo, mas o setor operacional que ele procurava estava com o quadro completo.
De volta a São Paulo em 2000, Teixeira consegue uma oportunidade numa transportadora chamada Rodorei.
E dirigindo os caminhões da empresa se depara novamente com os ônibus da Utinga.
O coração voltou a ter aquela sensação como da primeira vez que viu os veículos da empresa e Teixeira não teve dúvidas: procurou a companhia de ônibus.
Sua luta para entrar definitivamente no segmento de transportes de passageiros foi uma das provas de sua paixão.
Ele continuava na transportadora de cargas e por dois anos fazia “bicos” na empresa de ônibus Utinga. Dirigia sempre das 16h00 até o final da noite, todos os sábados, domingos e feriados, até que conseguiu vaga fixa na empresa.
“Tenho muito boas recordações da Utinga. A primeira vez que eu dirigi prá valer mesmo, no bico, transportando passageiros, me senti realizado, foi uma sensação boa, não tem como explicar. Lembro que meu carro de teste era prefixo 75, um Marcopolo Torino. O primeiro carro da empresa que dirigi foi o prefixo 01, um Caio Alpha encarroçado sobre um chassi OF 1318 que era de um Torino, mas meu carro de escala era o Torino, Mercedes Benz, OF 1318, prefixo 53. Lembro do seu Mário (Mário Elísio Jacinto), dono da empresa, um homem muito simples, que estava sempre no meio dos funcionários. Aliás, fiz muitas amizades e tive grandes professores no ramo dos transportes.” – conta.
Fazer amizades é uma das grandes vantagens do transporte urbano, segundo Teixeira, que já foi convidado para festa de casamentos, aniversários e batizados pelos passageiros.
“Tenho certeza que faço parte da vida dos passageiros e eles fazem parte da minha. Quando não vou trabalhar, eles sentem falta, assim como eu sinto quando eles não pegam o ônibus. Vários já não encontro mais, mas ficaram marcados na minha vida” –
Trocas de experiências e convivência são algumas das marcas do transporte de passageiros. Teixeira conta que ajudou com informações muitos chilenos que chegavam ao Brasil em busca de melhores condições e se instalavam no bairro Camilópolis em Santo André e em parte da zona Leste de São Paulo.
Em 2003, a TCPN – Transportes Coletivos Parque das Nações tinha uma grande reputação em Santo André: conservação de ônibus (mesmo os antigos), pagamentos em dia, respeito às leis do trabalho, etc. E isso atraiu Teixeira que depois de mandar vários currículos para a empresa foi chamado no mesmo ano. O teste foi no ônibus prefixo 70, Mercedes Benz OF 1115, Marcopolo Torino ano 1988, que roda até hoje e é considerado patrimônio da empresa. O carro de escala, da primeira linha que fez na empresa, era o 66, Marcopolo Torino, Mercedes Benz OF 1318. A linha era a intermunicipal O 27 – São Paulo – Jardim Tietê / Santo André Leste, com extensão em alguns horários para o bairro Paraíso, nas imediações do Hospital Mário Covas, em Santo André. Em 2007, muda-se definitivamente para a linha municipal de Santo André I 08 (Jardim das Maravilhas / Bairro Paraíso – Hospital Mário Covas).
Praticamente todos os passageiros da linha o conhecem e alguns fazem questão de andar no ônibus que ele dirige.
Segundo ele, o bom atendimento ao passageiro é uma conseqüência da paixão pelo que faz e pelos transportes e ensina:
“A empresa pode ter vários ônibus do mesmo modelo, do mesmo ano, mas nunca um vai ser igual ao outro por causa do motorista. O motorista é o principal elemento na conservação de um ônibus e o passageiro sente essa diferença, mesmo às vezes sem saber o nome do modelo do ônibus” – conta, ao mostrar seu kit de limpeza que leva para conservar o veículo que trabalha. “Dirigir com cuidado e entender o que o ônibus diz para você é essencial. Há uma conversa sim entre homem e máquina”.

Histórias como esta torna a convicta a idéia de ser uma profissão que exije muita vocação, paixão e entusiasmo. E com certeza é uma profissão de extrema importância, que apesar dos profissionais precisarem de mais valorização, é muito gratificante. A Controladoria Regional de Trânsito Dona Tereza, conta com curso específico para você que deseja se habilitar nesta emocionante e apaixonante profissão, Motorista de Transporte Coletivo.
Créditos: Blog Ponto de Onibus.

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